1 - O Messianismo ?!!
O Messianismo não é um
movimento evangélico que visa converter judeus. O Messianismo não é uma
ramificação do Judaismo, embora existam messiânicos que seguem as
tradições judaicas. O Messianismo não são apenas judeus que acreditam
em Yeshua, embora possam incluir grupos de judeus a quem foi retirado o
véu e reconhecem Yeshua como o Messias de Israel.
O
Messianismo é constituido por convertidos ao Deus de Abraão, Isaque e
Jacob e que reconhecendo a sua herança espiritual, aceitam Yeshua como
o único Messias. Os messiânicos consideram que as Escrituras
Apostólicas (vulgo "Novo Testamento") são uma continuação e não uma
substituição das Escrituras Hebraicas (vulgo "Antigo Testamento"), não
as contradizendo, antes explicando-as e consumando-as. Talvez uma forma
resumida de identificar os messiânicos seja: o ponto onde judeus e
cristãos se encontram.
Existem
várias correntes que se intitulam messiânicas, à semelhança do
protestantismo, logo a posição de um determinado grupo não revela a
posição de outro grupo que também se indentifique como messiânico.
2 - Qual o conceito bíblico de termos como 'igreja', 'Israel', 'lei', 'verdade', 'amor', 'gentio'?
Igreja: É uma transliteração do termo grego Ekklesia, que significa congregação ou conjunto de pessoas reunidas. Equivale à palavra hebraica Qahal.
Erradamente adoptou-se o termo Igreja para designar os crentes em
Yeshua depois da ressurreição deste, mas as Escrituras gregas usam o
mesmo termo para se referir a Israel quando este estava no deserto
(Actos 7:38).
Israel: São
os descendentes das 12 tribos dos filhos de Jacob, filho de Isaque,
filho de Abraão. Romanos 11 ensina-nos que os gentios convertidos ao
Deus de Israel, são integrados em Israel como se fossem naturais, como
está escrito: "haverá uma mesma lei para o natural e para o estrangeiro..." ( Êxodo 12:49).
Lei: Existem diversos termos hebraicos com o sentido de lei, mas o mais comum é Torá (lit. instrução, ensino). No grego é nomos,
e tanto pode significar a Lei de Deus como as tradições dos fariseus ou
qualquer lei nacional. Desta forma, quando Paulo se refere à Lei, está
muitas vezes a querer referir-se às tradições, muitas das quais até
contrariam a Lei de Deus. Praticar a Lei não é uma forma de atingir a
salvação que provém exclusivamente da aceitação do sacrifício de
Yeshua. A Torá é um conjunto de instruções que o nosso Pai Celestial,
na sua graça e bondade, nos deu para nos instruir em como viver em
comunidade e como devemos viver a nossa caminhada como crentes (regras
de vida). Em sentidos estrito Lei equivale ao Pentateuco, e em sentido
lato à totalidade das Escrituras Sagradas.
Verdade:
Yeshua disse que ele mesmo era a Verdade (João 14:6). Ele era a Lei de
Deus, ou a Palavra de Deus encarnada. A Verdade é a Palavra de Deus
revelada na totalidade das Escrituras Sagradas: "A Tua Palavra é a Verdade!" (João 17:17). Também está escrito: "A tua justiça é justiça eterna, e a tua lei é a verdade...Tu estás perto, Senhor, e todos os teus mandamentos são verdade."(Salmo 119:142,151).
Amor:
Deus deu-nos como mandamento principal que o amemos acima de todas as
coisas (Deuteronómio 6:5). Ele diz-nos que mostramos que o amamos
quando cumprimos os seus mandamentos (1 João 2:3). Isso não invalida a
necessidade de um relacionamento íntimo com Ele, quer em tempos
devocionais, quer na vivência diária. Yeshua foi a maior expressão do
amor de Deus para com o homem (João 3:16). E Yeshua ensinou ainda: "E o segundo, semelhante a este, é: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo."(Mateus 22.39), citando a Lei em Levítico 19:18.
Gentio:
No sentido corrente do termo, um gentio é alguém que não é Judeu. Mais
correctamente, um gentio é alguém que não faz parte do povo da promessa
- Israel. A partir do momento em que alguém se converte a Yeshua, é
enxertado em Israel. Espiritualmente e na sua forma de vida não é mais
gentio, mas israelita.
3 - Porque usamos os nomes Yeshua e YHWH?
Utilizamos o Nome Sagrado de Deus porque Ele mesmo o revelou ao seu povo e nunca disse para deixar de ser usado, antes pelo contrário, somos exortados a invocar o seu Nome (Joel 2:32; Zacarias 13:9; Actos 2:21; Romanos 10:13). A restauração do Nome YHWH faz parte do mover do Espírito sobre a Terra, de fazer regressar o seu povo às origens puras da vontade de Deus.
Utilizamos o nome Yeshua (aramaico, em hebraico Yehoshua), porque foi esse o nome pelo qual passou a ser chamado depois da sua encarnação. O nome Jesus é uma tradução de outra tradução, o iessous grego. Não combatemos de forma alguma o uso de "Jesus", mas consideramos, no entanto, importante a divulgação do seu verdadeiro nome, assim como o fomentar do seu uso, principalmente em oração.
4 - Porque valorizamos toda a Bíblia e não apenas o chamado Novo Testamento?
Toda a Bíblia é inspirada e os
Escritos Apostólicos (vulgo "Novo Testamento") não são mais inspirados
que que as Escrituras Hebraicas (vulgo "Antigo Testamento").
As
Escrituras utilizadas pelos autores apostólicos eram o Tanak, mais
conhecido por "Antigo Testamento", logo toda a Bíblia tem o mesmo valor
e é Torá em sentido amplo.
Deus
nunca dividiu as Escrituras em dois grupos, foram os homens a fazê-lo.
A revelação divina é uma continuação que se explica e revela a si mesma.
5 - Como discernir erros doutrinários?
Quando uma doutrina é baseada
apenas num versículo, ou passagem bíblica, e contraria muitas outras,
só pode existir algum erro. A Bíblia não se contradiz a si mesma, ela
explica-se a si própria. Se alguma doutrina precisa rejeitar outros
textos ou até livros bíblicos inteiros, então essa doutrina não pode
ser verdadeira.
Um
exemplo é a atribuição ao apóstolo Paulo de doutrinas que se opõem ao
que Yeshua disse. Imediatamente temos a certeza que há um erro nisso,
porque o próprio Paulo exortava a que fossem imitadores dele como ele
era do Messias.
Deus não muda e a sua vontade em Génesis é a mesma até Apocalipse: "Pois eu, YHWH, não mudo; por isso vós, ó filhos de Jacó, não sois consumidos" (Malaquias 3:6).
6 - Como saber que estamos a fazer a interpretação correcta de uma passagem?
Ao analisarmos uma passagem,
devemos em primeiro lugar verificar se a tradução (versão bíblica) que
estamos a utilizar está correcta e procurar saber o significado das
palavras nos textos originais, pois não há traduções perfeitas. Existem
muitos sites que nos ajudam e também software diverso e nos LINKS tem alguns exemplos.
De
seguida, analisamos o contexto imediato da passagem, primeiro o
capítulo, depois o livro bíblico e finalmente de que forma essa
passagem está de acordo com o resto das Escrituras. A interpretação vai
contra algo que está escrito em algum outro livro bíblico? Se sim,
então devemos rever a posição. Talvez não estejamos a compreender bem o
significado dessa ou das outras passagens que estão em desacordo. Se
procurarmos a ajuda de comentários devemos procurar posições diversas e
não apenas a de uma corrente de pensamento, de forma a tomarmos
conhecimento das várias posições sobre o assunto.
7 - Quais as traduções mais fieis ao original?
As traduções mais fieis são aquelas que procuram ser o mais literais
possivel. Existem algumas traduções que nem traduções são, mas são
apenas paráfrases da Bíblia, ou seja, a Bíblia é contada em linguagem
corrente procurando transmitir a ideia geral e não o sentido real do
texto.
8 - Êxodo 35:3 - Não podemos acender o fogo no dia de Sábado?
Êxodo 35:2-3
Seis dias se trabalhará, mas o sétimo dia vos será santo, o Sábado do
repouso a YHWH; todo aquele que fizer obra nele morrerá. Não acendereis fogo em nenhuma das vossas moradas no dia de Sábado.
Para todos
aqueles que estudam os mandamentos de Deus com o desejo de os aplicar e não de
os descartar, este mandamento em particular, tem dado origem a compreensiveis
confusões. No que toca à interpretação dada pela Casa de Judá (Judeus)
frequentemente assistimos a aplicações deste mandamento que nos parecem
extremas – não usar elevadores, conduzir carros ou accionar interruptores. Do
lado do cristianismo assistimos a duas posturas distintas em relação a este
mandamento: 1) aqueles que, querendo observar a Torá de YHWH, olham para o
exemplo dos Judeus e imediatamente impõem a mesma interpretação aos demais, e
2) aqueles que, acreditanto que a Torá de YHWH foi abolida, se servem deste
mandamento para procurar demonstrar a futilidade dos mandamentos de YHWH.
Certamente que
não devemos acrescentar ou subtrair à Palavra de YHWH (Deuteronómio 4:2) mas
tão pouco queremos inventar tradições que se sobreponham à intenção e propósito
da Torá de YHWH (Marcos 7:5-16). A Palavra de YHWH é certamente afiada como uma
espada de dois gumes (Hebreus 4:12) mas por vezes as nossas doutrinas e
interpretações podem diluir a verdade. No caso particular da Casa de Judá,
muitas das tradições em torno deste e de outros mandamentos acabam por se
tornar uma distração em relação ao verdadeiro propósito do mandamento. Como se
costuma dizer num ditado inglês, acabam por não conseguir ver a floresta por
causa das árvores.
Porque não acender fogo no Shabbat?
Note-se que o
fogo não deve ser acendido nas nossas “moradas”. Quer isto dizer que se estivermos
numa floresta no meio do nada, longe de quaisquer “moradas”, podemos acender o
fogo? Tecnicamente, sim – partindo do princípio de que já dispomos da lenha e
de que não temos de trabalhar para a recolher (Números 15:32-36).
Temos de concluir
que existe um motivo pelo qual YHWH se está a centrar nas nossas “moradas”. O
fogo nas moradas ou habitações vem no contexto do versículo anterior:
Êxodo 35:2-3
Seis dias se trabalhará, mas o sétimo dia vos será santo, o Sábado do repouso a YHWH; todo aquele
que fizer obra nele morrerá. Não acendereis fogo em nenhuma das vossas
moradas no dia de Sábado.
Por aqui vemos
que tudo gira em torno de não fazer obra nesse dia. Por este motivo, não é o
fogo em si mesmo que é o cerne da questão, mas sim o fazer obra no dia de
Sábado. Em parte, o que está por detrás é o trabalho envolvido em fazer fogo,
como por exemplo apanhar lenha, mas não só.
Na altura em que
este mandamento foi dado, o fogo nas moradas ou habitações era um elemento
central para a vida do dia a dia. Não só para cozinhar (algo que não se deve
também fazer no Sábado) mas para toda a espécie de actividades de manufactura
(por exemplo, ferreiros, carpinteiros, etc). O fogo era o elemento central em
tudo isto e daí o enfoque nas nossas “moradas”. O fogo aqui em vista é um fogo
que servia de suporte ao trabalho do dia a dia. Não só era trabalhoso
acendê-lo, como quem o fazia, fazia-o com o propósito de trabalhar. O que jáz por detrás deste mandamento é que não só devemos descansar no Shabbat, como nem
sequer devemos pensar em trabalho neste santo dia.
Isaías 58:13-14
Se desviares o teu pé do Sábado, de fazer a tua vontade no meu santo dia, e se chamares ao Sábado deleitoso e santo dia de YHWH digno de honra, e se o honrares, não seguindo os teus caminhos, nem pretendendo fazer a tua própria vontade, nem falar as tuas próprias palavras, então, te deleitarás em YHWH, e te farei cavalgar sobre as alturas da terra e te sustentarei com a herança de Jacob, teu pai; porque a boca de YHWH o disse.
Quem interpreta
este mandamento no sentido de não ligar um interruptor, pode ou não fazê-lo com
a intenção correcta de ser obediente a Deus, mas está certamente a passar ao
lado da intenção do mandamento em si.
Um dos usos do
fogo é por exemplo aquecer as habitações num clima frio. Desde que se tivesse o
cuidado de recolher a lenha antecipadamente (e não no Sábado), não há nada de
errado em acender uma lareira no Shabbat. Lembremo-nos que um princípio da Torá
que se sobrepõe ao próprio Shabbat é o princípio de preservação da vida, e
manter uma habitação aquecida num clima frio é uma aplicação desse princípio. E
que dizer daqueles que no Séc.I ficavam a estudar a Palavra até de madrugada?
Estavam todos sentados às escuras ou tinham velas e candeias?
Mas há algo mais.
Esta passagem faz parte da revelação dada a respeito da construção do
Tabernáculo e deve ser entendida nesse contexto. Isto implica que nenhum
trabalho devia ser feito no Shabbat, nem mesmo para a Casa de YHWH.
O mandamento em
si não é complicado nem confuso quando visto no seu contexto próprio. Devemos
descansar neste santo dia e isso implica nem sequer preparar trabalho ou pensar
nele.